sábado, 7 de novembro de 2009

E se tu falasse nordestinês?







"E quem disse que pra falar de amor é necessário um 'português correto'?" . É a pergunta que nos fazemos ao ouvir, Ai se Sesse! do poeta Zé da Luz declamada por Lirinha, vocalista do Cordel do Fogo Encantado.

Ai! Se sêsse
Zé da Luz*

Se um dia nós se gostasse;

Se um dia nós se queresse;

Se nós dos se impariásse,

Se juntinho nós dois vivesse!

Se juntinho nós dois morasse

Se juntinho nós dois drumisse;

Se juntinho nós dois morresse!

Se pro céu nós assubisse?

Mas porém, se acontecesse

qui São Pêdo não abrisse

as portas do céu e fosse,

te dizê quarqué toulíce?

E se eu me arriminasse

e tu cum insistisse,

prá qui eu me arrezorvesse

e a minha faca puxasse,

e o buxo do céu furasse?...

Tarvez qui nós dois ficasse

tarvez qui nós dois caísse

e o céu furado arriasse

e as virge tôdas fugisse!!!

*Severino de Andrade
Silva (Zé da Luz), nasceu em Itabaiana, PB, em 29/03/1904 e
faleceu no Rio de Janeiro -RJ, em 12/02/1965

Para nós, nordestinos, vocábulos como oxente e arretado passam geralmente desapercebidos: são tão costumeiros quanto levantar da cama e se espreguiçar. Mas aí é que tá o "xis" da questão: Nossa variedade linguística é frequentemente zombada ou menosprezada por 'sulistas, gramáticos e gramáticas'. Afinal, tantas palavras anglosaxônicas foram introduzidas e aceitas na norma linguística portuguesa brasileira, tais como: target, top, upgrade... por que nossos dialetos, nossas variedades, são totalmente banalizadas? Nasceram em nosso chão e fortalecem nossa cultura, e quando são pronunciadas para alguém que a desconhecem (ou fingem que não existe) são desrespeitosamente estranhadas (na melhor das hipóteses), como se fossemos extraterrestres falantes de de um tupi-marciano.

Ah! Eu falo sim,
nordestinês, melhor, PERNAMBUQUÊS! E isso não significa baixo nível de Q.I. ou ignorância do PP (Português Padrão).
E tenho dito!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009




Preconceito com gírias

O uso de gírias é um fato bastante difundido na sociedade brasileira, e está presente no vocabulário das pessoas independente de área geográfica, opção sexual, faixa etária e classe social. Elas refletem a ideologia e o comportamento das gerações com seus ideais e preconceitos.
As gírias são uma forma dos jovens se diferenciarem das gerações anteriores. Comparando a atual juventude com a dos anos 70, por exemplo, percebe-se uma significativa diferença entre as gírias que as caracterizam. Nas letras de músicas de Roberto Carlos se encontram gírias faladas pela geração que consagrou seu sucesso. Gírias como garota papo firme, lambreta, calhambeque, dentre outras se contrastam com o linguajar da juventude atual de todos os estados brasileiros: tá ligado, fala sério, tipo assim, da hora, pode crer, mano, mina, filé, veio, é vero, brother, balada, rapa, demoro, galera, enfim.
No
ano de 1978, a gíria que predominou foi transa, pois a juventude começava a usufruir da liberdade sexual. Em 1990, época em que a juventude lutou contra a corrupção do governo Collor, a gíria preponderante foi marajá. Em 2004, a gíria mais falada pelos jovens das classes altas foi fashion, e da juventude atual é fala sério. Essas expressões extraídas do periódico juvenil ATREVIDA, da revista CONTIGO e das letras de músicas de Roberto Carlos reforçam os caracteres diacrônico e diastrático da gíria, isto é, o contexto sociocultural de cada época.
Mas essas variações lingüísticas também possuem um caráter diatópico, variando de lugar para lugar. Por exemplo, o homossexual masculino é tratado como baitola na região Nordeste e por bicha no Sudeste, na Bahia, há uma expressão própria que é xibongo, nome de uma flor típica desse estado, bem como várias outras variações: biba, bambi, frango, frutinha, enfim. As referidas gírias marcam a origem geográfica de seus falantes.
As gírias são ideológicas e, como afirma Calvet (2002, p.112), ”não existe razão lingüística alguma para considerar a gíria como uma forma separada da língua”. E para tanto, também não há razão alguma para considerar as práticas lingüísticas (gírias) como algo errado ou fora da língua, pois, segundo o que afirma Bagno não existe erro na língua. A gíria é algo que cria a todo instante, e que tal você tentar criar uma?Tente!

Referências:

Brasil e Portugal

Gírias, provérbios e expressões verbais gerais usadas de forma comum no Brasil e em Portugal:

domingo, 25 de outubro de 2009

Os bordões que caíram na boca do povo







Bordões de novelas e programas de TV grudam na boca do povo que nem chiclete, e às vezes permanecem circulando por aí mesmo depois que a trama saiu do ar. Duvidam? Pois tentem lembrar quantas vezes vocês já ouviram por aí a frase: "Tô certo ou tô errado?". Esse bordão era proferido por Sinhozinho Malta (Lima Duarte) na novela Roque Santeiro, em 1985. Pois é, há mais de vinte anos as pessoas repetem a expressão mais conhecida da teledramaturgia brasileira.



Revirando o baú, resgatei alguns bordões que fazem sucesso até hoje. Que tal conferirmos?






Cala a boca, Magda! -Caco Antibes (Miguel Falabella), no Sai de Baixo



Abalou bangu! -Edilberto (Luís Carlos Tourinho), em Suave Veneno



Copiou? -Seu Gomes (Walter Breda), em América



Chique de doer -(Nivea Stellmann), na novela Sete Pecados



Me poupe, Salgadinho! -Lucineide (Regina Dourado), em Explode Coração



Felomenal! -Giovanni Improtta (José Wilker), em Senhora do Destino
Não é brinquedo não! -Dona Jura (Solange Couto), em O Clone



Só abro a boca quando eu tenho certeza! -a (Cláudia Rodrigues), na Zorra Total
Sou chique, benhê! -Márcia (Drica Moraes), em Chocolate com Pimenta
Catiguria -(nesse caso, a palavra era usada em diversas situações)Bebel (Camila Pitanga), em Paraíso Tropical
Vem cá, te conheço? -Laura (Maria Clara Gueiros), na Zorra Total
Cada mergulho é um flash! -Odete (Mara Manzan), em O Clone



Epa, epa, epa / Justamente / Muita calma nessa hora! -Juvenal Antena (Antonio Fagundes), em Duas Caras



Te dedico!!! -Viviane (Letícia Spiller), em Senhora do Destino



Pode! - usado por Fabiana Karla no programa zorra total que diverte o público com as maluquices da nutricionista que “pode” comer muitos doces e frituras e “não pode” nem pensar em verduras e legumes.



Eu sempre quis... -(nesse caso, a frase é usada em diversas situações) Zeca Pimenteira (Jeovane Nunes) em Zorra total.



Arê Baba -Usado por vários personagens na novela "caminho das índias", da recordista de b0rdões, Gloria Perez, a expressão indiana caiu na boca do povo e virou um bordão super usado.



É a treva! -Bianca (Isabelle Drummond) em caras e bocas.






Muitos desses personagens já desapareceram das telinhas e muitas novelas já acabaram há anos, mas os bordões continuam vivos na boca do povo.

Internetês



E aí, quem nunca cometeu o “pecado” de usar “vc”, "blz", "bj", por exemplo, em vez de usar as formas cultas da escrita portuguesa?

Tem muito fulaninho que sai por aí usando internetês pra fazer redação (isso tem deixados muitos professores loucos!). Por outro lado, é inegável que a internet trouxe uma nova forma de comunicação, com novas palavras e expressões, diferentes dos habituais meios de comunicação considerados como politicamente corretos.

A forma abreviada usada pelos internautas adaptou-se à praticidade da internet, acelera o processo de ler e escrever mensagens (contanto que sejam entendidas).

A dica para aqueles (e que não são poucos!) que vivem no ciberespaço é saber usar dependendo do contexto a linguagem apropriada.





Olha aí galera algumas expressões!